Junta de Freguesia de Cristelo Junta de Freguesia de Cristelo

História

Pequena "espreitadela" ao passado

A família Pinheiro, de Barcelos, durante séculos, teve direitos sobre esta freguesia, exercendo aí toda a sua influência senhorial.

Segundo Gomes Pereira, Autor de estudos da toponímia barcelense, o nome desta freguesia deriva de cristo – christellus – ou pequeno Cristo. É uma hipótese altamente discutível, sendo mais aceitável a posição de Pinho Leal que afirma ter origem em Crastelo – pequeno castro ou crasto, muralhado, de origem pré-romano. Aliás nas Inquisições Afonsinas vem designada como “ De Sancto Salvatore de Crastelo “.

Situada em planície, a freguesia é banhada pelo ribeiro de Couço que nasce em Paradela e vai juntar-se a outros na Lagoa das Necessidades, Ponte do Estreito, formando o rio Tinto, afluente do Cávado.

É constituída pelos seguintes lugares habitados (já substituídos por ruas, embora ainda não esquecidos e bem vincados): Canto, Bouça, Hortal, Outeiro, Encourados, Paço, Novais, Regatinho, Vilar, Chãos, Igreja, Baçar, Feiteira, Cerqueiras, Aldeia, Picouto, Tesinho, Estrada, Salgueiros, Casas Novas, Trancada e Boucelão.

A sua igreja matriz data do séc. XVII. Com fachada precedida de um átrio com dois arcos, a sua janela quinhentista é encimada por um brasão de armas dos Pinheiros.
Nas paredes da sua capela-mor encontram-se seis painéis de pintura sobre madeira ilustrando assuntos bíblicos.

As suas casas mais importantes são as do Hortal, do Mariz, da Capela, dos Chãos, do Paço, da Torre, de Novais e a de Vieiros.
No monte de Vieiros corre na tradição haver minas de prata em exploração no tempo dos romanos.

Na ponta Sudoeste do território Barcelense, confrontando já com os concelhos vizinhos de Esposende (Noroeste) e Póvoa de Varzim (a Sul), Cristelo é uma extensa freguesia, situada em terreno mais ou menos chão plano na bacia do Cávado. Confronta ainda com os seus congéneres Barqueiros (que a flanqueia ao Poente), Paradela (situada a Sudeste), Vila Seca e Faria (respectivamente Norte e Nordeste). 

Terra fértil, onde a agro-pecuária é a actividade económica prevalecente, Cristelo é banhada pelo ribeiro de Couço, afluente do Rio Tinto, o qual, por sua vez, alimenta o Cavado. A microtoponímia, concretamente em relação ao sítio dito "da Mamoa", atesta uma presença humana que há-de remontar à parte final da Pré-História, pelo menos. Cristelo é topónimo de interesse arqueológico, o qual remete para um povoamento pré-romano. A abonar a asserção etimológica que dá "Cristelo" como diminutivo de "Crasto", está a grafia patente nas "Inquirições" de 1220, onde a freguesia surge designada "De Sancto Salvatore de Crastelo". Fazia então parte das "Terras de Faria". A freguesia foi da apresentação Dos Pinheiros de Barcelos, como ainda hoje se constata pelo escudo com as armas desta família que surge na frontaria do templo.

Toetónio da Fonseca aludia à existência aqui das "Casinhas dos moiros", "amontoações" de terra com buraco no meio", referência inequívoca a monumentos megalíticos do tipo "mamoa" com a cratera central da sofrida. Acrescentava este autor existir ainda o sítio "Da mamoa". Analisando o local de implantação da Igreja Paroquial, Brochado de Almeida detectou vestígios cerâmicos de tipo castrejo tardio e ainda um pequeno fragmento estampilhado, materiais que associou à presença de um antigo povoado tardo-romano. 

No lugar do Paço, junto e do lado Sudeste da oitocentista Casa do Paço, a presença de abundantes "tegulae" levou aquele autor a supor que ali teve assento uma ocupação cronologicamente afim da anterior, senão já da Alta Idade Média. Se o topónimo Paço se costuma relacionar com arqueosítios tardo-romanos ou alti-medievais, o seu congénere "Torre" alude, usualmente, a uma antiga torre senhorial baixo-medieval. É possível que a Casa da Torre, a ter tomado a designação do local onde assenta, recorde essa hipotética edificação. 

A Igreja Paroquial será, segundo Teotónio da Fonseca, (Séc. XVI/XVII) e ostenta uma frontaria pouco comum, assente em dois arcos que fecham o átrio. Em frente ao Cemitério Paroquial, que data de 1887, está a antiga Capela da Nossa Senhora do Rosário. Não muito distante ergue-se um outro templete, mais moderno, devotado à Senhora De Lurdes. São ambas públicas. 

O Cruzeiro Paroquial encontra-se junto à Capela da Senhora do Rosário e data de 1619. Protegido por alpendre, sustentado em quatro colunas, está o da Piedade, no lugar de Igreja e no lugar de Ferreiros Cruz do Senhor do Vale. Nichos de "Alminhas" podem observar-se no lugar de Talhos (1895), de Outeiro (na "Casa dos da Porta"), Hortal (Casa da Torre), Ferreiros ("Alminhas da Rocha') e Santo ("Alminhas do Queimado"). Casas solarengas. Teotónio da Fonseca destacava, há meio século, os seguintes edifícios: Casas do Hortal, do Mariz, Da Capela, da Chãos, do Paço, da Torre, de Novais e de Vieiros.


HÁBITOS E COSTUMES

A Reza do terço

 

No Lugar de Ferreiros em tempo passados, em Cristelo, observava-se o curioso costume de os seus moradores rezarem em público, à noite, o terço. Um vizinho abre a janela, toca a campaínha e começa a reza que os outros acompanham das respectivas casas (janelas).

Nos séculos XVII e XVIII, nas ruas das principais cidades de Portugal, rezava-se o terço de modo semelhante.

Que nos conste, por aqui só no lugar de Ferreiros, da freguesia de Cristelo, é que ainda há poucos anos se guardava este precioso acto.

 

Festas e Romarias

 

Existem nesta freguesia duas Confrarias: a do Santíssimo Sacramento instituída em 1783 e a Confraria da Nossa Senhora do Rosário em 1794.

Todos os anos em Maio e em Junho realizam-se respectivamente as festas em louvor de Nossa Senhora de Rosário e do Santíssimo Sacramento.

Na festa de Nossa Senhora do Rosário é enfeitada a Avenida Padre Abel Varzim, que vai da Capela da Nossa Senhora do Rosário até à Capela Senhora de Lurdes (rotunda) e na festa do Santíssimo Sacramento, a Avenida da Igreja que vai do Cruzeiro à Igreja é enfeitada.

Em ambas as festas há carrocéis, ranchos a actuar, procissão, música, fogo e tendas a vender variadíssimas coisas.

 

Gastronomia:

 

Embora se tenha perdido um pouco no tempo determinados hábitos, ainda se encontra quem mantenha a tradição de entre os meses de Novembro a Março do ano seguinte fazer a matança do porco, enchendo desta forma os fumeiros com deliciosos enchidos, presuntos e chouriças, abastecendo de igual modo as salgadeiras.

O sarrabulho, feito a seguir à matança do porco, ainda em alguns casos é motivo de reunião familiar não esquecendo em alguns casos amigos.

Outros casos dignos de mencionar são o cozido à portuguesa e a caldeirada de congro. Devido ao facto de termos muitos dos habitantes a trabalharem no comércio ambulante de peixe também já se falam nas iguarias com lampreia! 

 

Atividades:

 

As principais actividades económicas da nossa freguesia são: a agricultura, o comércio ambulante de peixe e a pequena industria têxtil. 




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